segunda-feira, 16 de julho de 2007

CHORO CHORINHOS E CHORÕES.doc

 

“ CHORO CHORINHOS E CHORÕES “

                                                      

                                                          Jocely Macedo da Rocha  -    -

 

A decisão final e afinal,de participar em fevereiro,do III FESTIVAL DE CHORO organizado pela Escola Portátil de Música/RJ,aconteceu,justamente,em uma noite de rodada de choro,em nossa casa,no Bairro Laranjeiras.

Entre azaléias,rosas,amores perfeitos,orquídeas,coqueirinhos,manacás da serra,malvas e margaridas,folhas de louro e cravo(aquele mesmo que se coloca nos doces),hortelã,manjericão,cheiro verde,tomilho,alecrim e pimentas de cheiro e malaguetas,no meio de meu quintal, percebi que estava sendo assinalada,acatei a conspiração do universo e me deixei aberta a receber a desorientação que,intuí,iria muito brevemente receber.

Estávamos entre amigos,comemorando com muito chorinho(Mestre Pedro Paes no clarinete,Mestre Antonio Rocha na flauta e Mestre Bebeto no cavaquinho),o aniversário de um amigo e, a já, quase presença do Natal.Era o dia nove de dezembro.

O primeiro sinal/estímulo já havia surgido de meu sobrinho Antonio Rocha,há quase um ano atrás: o chamado,a convicção de que eu iria viajar por mares já navegados e misteriosos,conhecidos e desconhecidos, e que,tudo isso,faria uma revolução dentro de minhas concepções musicais e “vidais” – vitais, em verdade.

O segundo sinal,veio pela Kelli,companheira do Mestre Pedro Paes que, me ouvindo tocar e cantar as músicas de Rosinha de Valença e as minhas,afirmou,categoricamente, a importância de minha participação no “ III Festival de Choro”.E,assim,ela me jogou, de vez, no abismo.Abismo das rosas,dos flamboyants,das flores e folhas todas que me rodeavam e dos espaços e abismos de notas,tempos e compassos: flora musical que me  envolveria por lá.

Daí para frente, foi a inscrição.E comecei a “sofrer” a ansiedade e a antecipação de quando se sabe que se fez uma boa escolha.Eu já tinha sido tocada e,mesmo que quisesse,o que,absolutamente,não era o caso,já não poderia voltar atrás.Eu já estava dentro.Agora,era só seguir,rumo às desorientações e mistérios do prazer que a música pode nos dar.

Além das Aulas de Violão e Harmonia,Práticas de Regional, História do Choro, Rodadas de choro e Shows dos Professores,nos dez dias de Festival,Hermínio Bello de Carvalho com sua “Oficina de Coisas”,abriu-nos a possibilidade de construirmos, juntos,um espaço de conversação,trocas e debates,viagens a um passado musical,incluindo o Chorinho e suas variações,muito presente e eternizado  na História da nossa música brasileira.Tijolo sobre tijolo,obtive a graça de participar,juntamente com arquitetos e engenheiros,da construção de uma casa musical,de uma verdadeira “Casa de Choro”,onde o compositor Anacleto de Medeiros foi o grande homenageado.

Em um grande momento de reacender chamas,prestei mais atenção ao que a vida me deu e pude bagunçar coretos,desarrumar conceitos,refazer valores,recriar e escrever partituras em compassos até então julgados impossíveis.

Ao término de um convívio diário com a música verdadeiramente brasileira,com professores maravilhosos,com colegas músicos do Brasil inteiro e do exterior ( 246  alunos),a gente só pode sair diferente.Não melhor que ninguém,apenas diferente,realmente assinalada.E dizem, por aí, que Deus marca, para não perder de vista.Que bom!!!!!

 

 

OBSERVAÇÂO: Realizado entre 3 e 11 de fevereiro de 2007,o III Festival Nacional de Choro,promovido pelo Instituto Casa do Choro,aconteceu no Hotel Fazenda S.João no Município  de S.Pedro (SP),homenageando o Maestro Anacleto de Medeiros,por ocasião do centenário de sua morte.Funcionando como um espelho da Escola Portátil de Música e norteado pelos mesmos princípios didáticos que a regem,o Festival concentra,em uma semana,aulas,oficinas,palestras e shows,tornando-se uma espécie de “curso intensivo de choro”.

Entre outros como: Álvaro e Maurício Carrilho,Luciana e Amélia Rabelo,Paulo e Pedro Aragão,Pedro e Ana Paes,Luiz Flávio Alcofra (meu querido Mestre),Jayme Vignoli,Naomi Kumamoto,Celsinho Silva,Oscar Bolão,Rui Alvim,PauloMalaguti,Pedro Amorim,Cristóvão Bastos,Nailson Simões,Thiago Osório,MarcílioLopes,Nailor “proveta” Azevedo,além da participação especial do poeta Paulo César Pinheiro,nosso também mestre Antonio Rocha,faz parte do corpo docente do Festival.

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